Depois disto, eles hão-de dizer que quem precisa de psiquiatra sou eu.
Geralmente, tenho como cuidado especial respeitar as pessoas que trabalham.
E respeito porque sinto que quem trabalha não merece ser vítima da piada fácil e rápida.
Porque quem trabalha, no fundo, trabalha e ponto final. Não deve ser gozada.
Daí que goste de achincalhar o nosso Ministro da Economia.
(Não quero dizer que ele não trabalhe... Mas se ele trabalhar a escrever os seus discursos,então está a trabalhar em prol da comédia.)
No entanto, há uma área profissional que me intriga na sua essência: a área da psiquiatria.
Não pensem que eu acho os psiquiatras uns inúteis à sociedade.
Eu não acho. Antes pelo contrário, tenho uma certeza inabalável quanto a isto!
Acalmem-se, caros leitores, porque eu não tenho por hábito afirmar coisas sem qualquer fundamento. Passo a explicar...
A meu ver, as pessoas úteis à sociedade podem-no ser de diversas formas: ou produzindo algo palpável e que os outros cidadãos usem; ou desempenhando papéis de gestão e coordenação de pessoas e bens, tendo como objectivo a melhoria da qualidade de vida; ou então descobrindo coisas novas, inovadoras!
(Há, obviamente, mais classes de pessoas úteis à sociedade... Não obstante, por muito que procurem, em nenhuma delas se encaixa o psiquiatra.)
Ora, já repararam bem no que o psiquiatra faz?
Eu respondo: Nada.
Ele ouve, tudo bem. Ele compreende, sim senhor. Ele debruça-se sobre os problemas, não haja dúvida.
Mas no final, a resposta é sempre a mesma:
"A culpa de tal comportamento é do meio em que essa pessoa se encontra inserida, e não propriamente dela. Ela é o espelho do meio onde nasceu, e não pode ser culpabilizada por isso."
Se é para dar sempre a mesma resposta, dêem-me o diploma e eu vou para a SIC debater o problema da violência nas escolas!
E esta resposta, não duvidem, é a que eles dão a todos os problemas. Todos.
Então e Sócrates, que nasceu num meio tão honesto e trabalhador... Como é que explicam o que ele alegadamente é agora?
(Nada como usar um "alegadamente" de vez em quando para jogar à defesa...)
Os psiquiatras acabam sempre a dizer o mesmo!
"Este senhor é um serial killer... Mas a culpa não é dele! Ele teve uma infância difícil e triste, coitado... Temos que o apoiar e integrar na sociedade!"
"Este jovem assalta estudantes à saída da sua faculdade... Mas coitado, ele vive num meio muito complicado! Temos que o integrar na sociedade..."
"Esta menina bateu na professora porque ela lhe tirou o telemóvel! Mas, coitada, é a educação que teve... Temos que a apoiar e integrar na sociedade!"
Eu não costumo acordar com vontade de dizer mal de ninguém. E hoje, por sinal, cumpri o que habitualmente se verifica. No entanto, ao ver o debate no Jornal da Noite da SIC sobre o caso da menina, da professora e do telemóvel (Há alguém que não saiba do que estou a falar?), fiquei com este bichinho nas entranhas.
Não quero culpar José Gameiro, o psiquiatra que estava neste debate.
Não. A culpa não é dele. É do meio onde ele cresceu e, especialmente, o meio onde ele se formou. Onde ele aprendeu, no fundo, a ser psiquiatra.
Peço desculpa, mas... Se o país fosse gerido por psiquiatras, as prisões estariam vazias e os criminosos deste país passavam as tardes no sofá da TVI, a desabafar com a Júlia Pinheiro!
É mesmo esta a ideia, caros psiquiatras?
Eu compreendo a história do meio onde os criminosos/marginais vivem...
Mas...
Só por isso, ficam desculpados de todas as coisas más que fazem por aí?
Bolas, porque é que eu não nasci no Casal Ventoso... Assim podia assaltar carros à vontade! Ou, pelo menos, o carro de José Gameiro. Ele compreenderia.
Malvada boa educação, caramba.