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há Dias assim...

Há dias históricos, banais, marcantes, deprimentes, excelentes, maus, magníficos, secantes, fantásticos, desinteressantes e, quiçá, bons. E depois também há Dias assim... Se gosta de Dias assim, parabéns. Está no blog certo.

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há Dias assim...

12
Jan09

Aprende roubando para a aprender.

delta_unit

O ensino, tal como tudo à excepção do comunismo, evolui.

Para tristeza do PNR, longe vão os tempos em que os livros nem cores tinham, e cada aluno tinha à sua frente um pedaço de ardósia no qual resolvia os problemas que o Sr. Professor, com a régua de madeira na mão, ditava.

(Repararam como eu, com uma só ideia, consegui criticar tanto a esquerda como a direita da política em geral? Bolas, está-me no goto.)

 

Hoje os desafios são diferentes. Afinal, dividir 764 por 38 já não é difícil, desde que a calculadora tenha pilhas.

Desenhar um ângulo de 32,46º com precisão é bastante fácil, desde que o AutoCAD não deixe de responder e a impressora tenha tinta.

Ter raquetes para jogar ping-pong deixou de ser complicado, dada a existência do Magalhães.

E chegar a horas às aulas não é de todo uma missão impossível, desde que as ruas tenham carros para os alunos roubarem.

 

"O que é que estás pr'aí a dizer, Dias?"

Sim, é verdade. A notícia está no próximo parêntesis. (Este.)

Dois jovens de 15 e 16 anos, de Woonsocket, Rhode Island, nos Estados Unidos da América, roubaram um carro para poderem chegar a horas à escola.

 

Amigos, um prémio para esta malta!

São meninos tão aplicados que até desafiam o Código Civil para chegar a tempo de aprender o Ciclo de Krebs.

Eu próprio não o faria, e olhem que sou bem menino da mamã para ir às aulas todas. (Quase todas, vá...)

 

Roubar um carro para usá-lo num assalto a um banco é coerência pura.

Já roubar um carro para ir às aulas é, a meu ver, ter dois empregos.

Eu propunha a estes jovens o estatuto de "trabalhador-estudante".

E isto porque não existe o estatuto de "ladrão-estudante", para tristeza da malta de Chelas.

 

O estatuto de "ladrão-estudante" é, a meu ver, essencial.

Vamos supor, por exemplo, que um eventual político amanhã decide ser verdadeiramente Engenheiro.

Dar-se-á ao senhor o estatuto de "trabalhador-estudante"?

Não, claro que não. Esse estatuto só deve receber quem estuda e (palavra mágica) trabalha.

Vamos em frente com o estatuto "ladrão-estudante"!

 

Por outro lado, roubar um carro para chegar a horas a algum sítio parece-me ser algo impossível de acontecer em Portugal.

Porque o português gosta é de chegar atrasado.

Aliás, o comum português até poderá pedir a alguém que lhe roube o carro para, ao chegar 3 horas depois do combinado ao escritório, poder usar a desculpa "Epá, roubaram-me o carro".

 

Ainda assim, é uma pena isto não acontecer por cá.

Se isto tivesse acontecido na Escola Secundária Carolina Michaelis, hoje tínhamos um vídeo no YouTube com uma adolescente cheia de estrogénio e com tão pouco tino a gritar a um polícia dentro da sala:

"Dá-me as chaves do carro já!"

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