Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga.
Percebe-se, de certa forma, que algumas pessoas não gostem do seu corpo. E isto porque é natural haver uma certa exigência relativamente à nossa imagem. Desta forma, não me chocam as operações plásticas, as lipoaspirações ou as amputações de pernas...
"Amputações de pernas? Mas estás parvo, Dias?", perguntam-se vocês. Eu respondo: Não. Quem não está dentro dos parâmetros normais do ser humano é Susan Smith (Nome este que, por questões de privacidade, é fictício...) e a sua história vem narrada, na primeira pessoa, no guardian.co.uk.
Susan Smith, diz-nos ela, sofre de uma doença psicológica que se baseia no seguinte: Ela nasceu com uma concepção do seu corpo diferente da real. Assim sendo, ela só se imagina sem as suas pernas! Isto porque a sua mente assim o diz, desde a sua infância. Ela não se conforma com o facto de ter duas pernas, e como tal tem de fazer tudo para evitar essa situação.
É, de facto, uma situação estranhíssima. Isto porque as pernas são saudáveis! Ora, sendo saudáveis e dado que Susan Smith não as quer, será que não dá para lhe pedir o joelho emprestado e dá-lo ao Mantorras?
Na história, Susan Smith conta-nos que passou uma infância terrível, não se sentindo bem com as amigas e, quando se encontrava sozinha em casa, ela andava apenas sobre uma perna, de forma a que ela se sentisse como se estivesse amputada, pois isso proporcionava-lhe uma melhor aceitação do seu corpo. Portanto, Susan Smith seria na escola a rainha do pé-coxinho (Sempre nutri especial pela combinação de caracteres "pé-coxinho"), aquele jogo de raparigas com menos de dez anitos que se baseava em fazer uma cruz no chão com quadrados e depois andar lá aos saltos apenas apoiando-se num pé...
Talvez devido a este enorme sucesso no pé-coxinho e ao facto de ela se aperceber que se tornava mais reconhecida socialmente quanto menos pernas utilizasse, Susan Smith decidiu que a sua vida teria de ser sem as duas pernas! Como tal, narra na sua história tudo o que fez ao longo da sua vida para eliminar, inicialmente, uma das suas pernas. Basicamente, congelou a sua perna e depois foi ao hospital, pedir que a tratassem, na esperança que a única solução fosse a amputação.
Pois bem: A coisa não correu bem à primeira, e só na recuperação da segunda tentativa de congelamento da perna é que surgiram complicações bacteriológicas que obrigaram os médicos a amputar-lhe a perna, até ao joelho, para o contentamento da própria. Eu, pessoalmente, acho que Susan Smith não precisava de tanto... Bastava marcar um encontro amigável com o Benfica e pedir uma atenção especial ao Petit e ao Katsouranis. Eles, naturalmente, tratavam do resto!
Mas há aqui uma coisa que eu não percebo: Não terá a Corporación Dermoestética a opção "remoção de pernas" no seu menu de alterações ao corpo humano? E depois até aproveitavam a pele da perna de Susan Smith e punham-na na cara da Lili Caneças! Certamente ficaria com menos pêlos!
Susan Smith, garante-nos, terá de remover a outra perna também, apesar das dores horrorosas. Mas, diz ela, não se arrependerá! Ela só se arrepende de não ter feito isto mais cedo...
Dado isto, agora penso: Secalhar o épico adversário de Mike Tyson tinha um problema de aceitação com a sua orelha, e pediu uma ajudinha ao Mike... Para quê todo o escândalo posterior? Ele só estava a zelar pelo bem estar do colega!
E só uma observação: Caros políticos portugueses, para quando um referendo sobre a despenalização da amputação livre até aos 20 anos? Imaginem o sofrimento destas pessoas que vivem com partes do corpo que elas não gostam... E já que queremos permitir a morte de um ser humano completo, porque não permitir a morte parcial?