Não me posso orgulhar da minha terra natal que ela, tão friamente, desilude-me logo de seguida.
Vila de Rei encontra-se numa grave crise de natalidade, e para piorar os jovens que ainda cá nascem estão a sair do concelho. É preocupante, mas dentro de nove meses tudo mudará!
Isto porque ontem decorreu a primeira edição da tão esperada Festa dos Solteiros.
(Heis a notícia, cortesia da Agência Lusa.)
É, realmente, uma ideia que merece o meu aplauso.
Se há coisa que os jovens solteiros de Vila de Rei precisam para se conhecerem melhor, é de uma festa para eles!
Poderíamos pensar que eles já se conhecem todos, dado que a escola básica do concelho é suficientemente pequena para toda a gente dentro da mesma faixa etária se conhecer. Mas não. É necessária uma festa que, segundo o vereador Paulo César, citado na notícia que acima vos mostrei, tem o objectivo de "aumentar a população residente".
Bem pensado. Mas é impressão minha ou na reportagem que vi na RTP (Heis o link da segunda parte do Jornal da Tarde de hoje. É a segunda notícia, a seguir à tramóia da língua azul.) aquilo não tinha lá muitos jovens ainda com aptidão para a reprodução?
Sim, é verdade, eu não fui. Sou um solteiro de Vila de Rei, mas bolas: Não fui.
E não fui porquê? Porque mesmo sendo um jovem solteiro de Vila de Rei, sítio onde não abundam muitas candidatas a minhas companheiras, isso não faz de mim um rapaz necessitado e sem padrões mínimos.
Será que os organizadores deste evento estavam à espera que eu, a priori, presumisse que ia encontrar a minha cara metade numa festa recheada de cerveja e ao som de José Malhoa, interpretado por Graciano Ricardo?
Estamos em 2007 e a juventude, pelo menos a que eu conheço e da qual eu retiro alguns exemplos, não contempla bailes ao som daquilo a que uns chamam de "música popular portuguesa".
(Enquanto que outros, mais frios, apenas lhe atribuem uma palavra: "pimba".)
Acho que uma festa que tem como intuito o aumento da população não deveria conter, no seu programa, um baile animado por um organista. Talvez uns workshops de massagens ou de danças exóticas dessem mais resultado... Digo eu! Mas eu também ainda não contribui para o aumento da população... Secalhar não percebo nada disto!
Esta festa, no entanto, demonstra até que ponto o nosso poder local se esmifra de ideias para incentivar a natalidade. Qualquer dia temos a Câmara Municipal a financiar as camas dos recém-casados, bem como a oferta de um berço a cada casal após o casamento!
Esta ideia é fantástica mesmo: uma festa onde só solteiros podem entrar, a fim de se conhecer melhor e de poderem vir a constituir uma família.
Hoje não devo sair de casa.
Mas amanhã, quando estiver em frente à Câmara Municipal, vou olhar para ela e pensar:
"É aqui que dorme o Cupido."