"Olha, queres uma pastilha?"
Porque raio existe o Dia Europeu para a Segurança em Passagens de Nível?
Seria respeitar o código deontológico deste blog se a pergunta anterior fosse retórica.
E eu, do alto do púlpito do conhecimento, explicar-vos-ia o porquê do Dia Europeu para a Segurança em Passagens de Nível.
Pastilhas elásticas.
Todos nós recorremos a elas.
Porque alivia o stress, porque comemos comida com alho ao almoço ou então porque temos o 10 nas costas e jogamos no Benfica.
Sem dúvida, uma das melhores invenções da Humanidade, a seguir ao copo com pé.
Na minha vida, tudo começou com as pastilhas Gorila.
Grandes e com a consistência ideal para a produção de balões, as Gorila marcaram uma geração, e merecem neste artigo a sua devida homenagem.
Está feita.
E se é factual que já todos reparámos que a variedade de sabores de pastilha elástica é enorme – Lembram-se do simples mentol? O que dizem então do sofisticadíssimo Blue Dream Mint? -, eu lanço outra questão:
Já repararam como as embalagens de pastilha elástica evoluíram? E o próprio formato das pastilhas?
Eu sou do tempo das Chiclets.
Numa simples caixa de papel, elas lá se acomodavam, lado a lado, segundo uma organização quase bibliotecária.
E a caixa funcionava.
Era toda de papel e, findada a degustação de todas as drageias, punha-se no papelão.
Não obstante, num qualquer momento da história, as pastilhas em drageia deixaram de ser cool.
Surgia a era da pastilha elástica pré-mastigada.
Alguém se lembra daquelas Trident que vinham assim moles e em formato rectangular, embrulhadas num papelinho?
Confesso que, por vezes, cheguei a tentar pendurar os quadros lá em casa com essas pastilhas.
Só depois descobria onde tinha, de facto, guardado o Bostik.
Sem dúvida, esta era a fórmula certa para a pastilha elástica.
Mas a sociedade vai mudando, e o mercado não pode parar.
Voltavam as drageias, mas em embalagens que as isolavam individualmente do ar exterior.
Essa foi, sem dúvida, a fase da minha vida em que mais me senti vilarregense.
Porque sempre que tirava uma pastilha da embalagem sentia-me um idoso de 80 anos a tomar o comprimido para o reumático.
Pelo meio surgiam também as primeiras Max Air, em formato drageia e numa embalagem comprida de 14 pastilhas.
Sem dúvida, um marco na história do ardor a mentol na boca.
“Tens marijuana?”
“Não. Mas tenho Max Air e água para beber após ter trincado três vezes a pastilha. Queres?”
“Uuuuui! Eu não tenho pedalada para isso!”
E hoje, a hegemonia é das Trident Senses, no formato pré-mastigado que as Trident já nos tinham apresentado.
Mas a embalagem destas Senses encerra em si muita magia.
Sempre que retiro da embalagem uma pastilha sinto que estou a tirar um fósforo daquelas embalagens de fósforos do tempo do outro ditador.
Sinto-me um viciado, mas não em tabaco.
Felizmente, o mercado de hoje já serve todos os gostos.
Porque a drageia é sempre uma boa aposta, continuam a haver as Trident em drageia, nas embalagens mais variadas.
Desde o pequeno cilindro, que faz de cada um de nós, ao retirar uma pastilha, um pequeno Greg House, até às embalagens cilíndricas, que em muito confundiriam o mais incauto treinador de Pokémons.
“Escolho-te a ti Charizard!”
…
“Ora bolas, enganhei-me na bola. Deixa-me apanhar esta porra e já fazemos o combate, pode ser? Olha, queres uma pastilha?”