Será mesmo um ciclista?
Quando me preparava para abandonar o tema "doping no ciclismo", ao agradecer ao André Santos pela companhia de guerra, heis que surge um comentário a esse artigo de despedida.
"As coisas k se acham na net... então eras tu o "chico esperto" que estava á beira da estrada com o cartaz! só tenho pena de já não ir a tempo de te pregar com a bike em cima até ficares bem marcado."
Isto dito assim até parece que é um ciclista que participou na Volta a Portugal do Futuro, passando por Vila de Rei e vendo o meu cartaz!
E chama-me de "chico esperto"! Assim sendo, vou mudar o nome deste blog para "há Espertos assim..."
Com esta entrada, este ciclista, quem nem se dignou a deixar um e-mail para eu lhe responder ou a apresentar-se pelo nome, apelidando-se de "eu", mostra que está chateado comigo. Calha bem! Eu também estou chateado com o ciclismo!
"Então tu achas-te no direito de julgar assim 110 pessoas diferentes ?? "
Então e o senhor acha-se no direito de, ao passar e atirar àgua a um adepto da sua modalidade, por em causa a sua liberdade de expressão?
"para pedires isso aos ciclistas terias de ir também para os estádios a dizer para correrem com a bola nos pés limpos também, ou o doping só existe no ciclismo? Por acaso até é a modalidade mais controlada de sempre e que mais medidas toma na luta contra o flagelo do doping."
A diferença é que nos outros desportos, a tendência é que o doping seja usado por atletas de escalões inferiores, para poderem chegar a um patamar superior... Uns "Nuno Assis", digamos... No ciclismo, falamos de ciclistas preponderantes para a história do ciclismo! Sim, uns tais "Vinokourov"!
Mas caro "eu", deixe-me fazer-lhe uma comparação: Já ouviu falar em casos de racismo no futebol português? No entanto, em Espanha o racismo é o prato do dia naqueles estádios! O problema encontra-se (não só, mas também) em Espanha, e no entanto esse problema é lembrado em imensas competições mundiais, com os jogadores a entrarem em campo com as t-shirts do "Todos Diferentes Todos Iguais" e afins...
"É óbvio que não gostámos, ainda pra mais sendo um escalão de formação, tal como tu não gostarás que eu te julgue como um parveco que gosta de chamar a atenção. Ninguem mais que a maioria dos ciclistas a querer um desporto limpo. O meu único incómodo pelo cartaz é a má imagem que passa do ciclismo, se não formos nós a defende-la de parvecos como tu quem o fará ?"
É claro que é um escalão de formação! Aposto que as histórias que se ouvem em França não existem nesta competição! (Mas, sou-lhe sincero: também não acredito na inocência de todos os 110 ciclistas que passaram ao meu lado.) O que eu fiz tratou-se de dar a entender a quem está na modalidade o pensamento do adepto. Isso é crime? Isso é ser "um parveco que gosta de chamar a atenção"? Eu não acho. Acho que é comunicação. O problema é que muitos adeptos acham o mesmo que eu mas ignoram isso! Desde que o Cândido ganhe o sprint, o resto não interessa...
Mas já agora... Se está mesmo preocupado com a má imagem do ciclismo, acha que a defende se atirar àgua a todos os que vos alertam para essa má imagem? Eu não acho. Eu acho que, mandando àgua, vocês querem apenas calar as vozes que vos criticam. Mas com isso: estão a apagar o problema ou a apagar quem vê o problema? Essa é uma forma bastante salazarista de tratar o assunto, mas esteja à vontade.
"Quer acredites ou não ainda há quem abdique de muita coisa e que se dedique de maneira séria para estar ao mais alto nível! E se és assim tão revolucionário há praí muita coisa a que te podias dedicar, mas antes informa-te para saberes do que falas..."
Eu acredito nisso. E é por isso que eu vou para a beira da estrada com cartazes. Porque eu quero ver em França quem abdicou e se dedicou de maneira séria à modalidade e não quem tem aquele amigo no laboratório e lhe orienta as transfusões de sangue.
E não, não sou assim tão revolucionário. Compreendo, no entanto, que o senhor me aconselhe a informar-me antes para saber do que falo. Porque, seja sincero comigo: Há muitas conversas entre directores e ciclistas, muitas noites passadas fora da tenda, que nem eu nem os outros adeptos sabemos, não há?