Acção - Reacção.
(Sim, é de doping que se vai voltar a falar.)
O ciclista "eu" voltou a comentar o meu último artigo. É o sinal da cordialidade e da boa formação que estes atletas têm. (E não, não estou a ser irónico.)
Mas vou-lhe pedir apenas um favor: Quem lê este blog (Estou em crer que pouca gente, mas ainda assim...) não o lê para ver histórias de doping. Por outro lado, eu interesso-me bastante pelo assunto (Ou melhor, por mitigar o assunto!) e não quero armar-me em cobardolas e dizer-lhe "Olhe, depois de este artigo, ponto final". Não. Caro "eu", a partir deste artigo, e caso a troca de ideias continue, eu vou passar a responder na zona de comentários. Mas não me calarei enquanto não chegarmos a um consenso. Um consenso que, juglo, irá satisfazer os dois. Mas se não vir artigos novos, dê um pulinho aos comentários deste artigo que eu passarei a responder por lá.
Agora sim, vamos à troca de ideias.
O caro ciclista, ao longo do seu comentário, faz algumas comparações com o futebol. É verdade, já pratiquei futebol nos escalões de formação (Ainda que, vá lá, jogasse mal. Há que dizê-lo!). Não obstante, isso não faz de mim um fanático de futebol, que coloca essa modalidade lá o púlpito da minha consideração e despreza todos os outros. Não. Quando eu digo que gosto de ciclismo, digo-o mesmo a sério! Como gosto de outros desportos bastante variados.... Às vezes dou por mim a ver curling na EuroSport e a vibrar com os lançamentos fantásticos da selecção canadiana!
Mas as suas comparações são justificadas: Fui eu quem começou com isso.
Eu gosto de ciclismo. Gosto de ver, gosto de saber umas coisas sobre a modalidade. Mas sem dúvida que, de nós os dois, o caro ciclista (Era aqui que eu punha o seu nome, percebe? A mim não me interessa saber quem é... Mas a redigir o discurso, dá jeito ter um nome para quem falar! E que tal um nome fictício? Um "Manel dos Santos", não?) saberá melhor o que se passa na modalidade.
Aquilo que eu deixo passar através de cartazes ou artigos de blog (Se vir bem, escrevi um artigo sobre a tramóia do Vinokourov antes de ir para estrada com o cartaz.) é apenas o meu sentimento como adepto da modalidade. Portanto, antes de "afiar a faca" e atacar-me, procure antes perceber que eu sou um adepto (O vosso público alvo!) e aquilo que eu vos mostro em cartazes ou artigos é a imagem que eu (e muitos outros) tenho da situação actual do ciclismo. Eu, se fosse desportista profissional, acho que trabalharia para duas coisas: ganhar e cativar adeptos. Portanto, se um adepto vos mostra indignação perante as histórias recentes do ciclismo e vocês lhe mandam àgua para cima, não estão a cativá-lo assim muito. Mas o meu fascínio pelo ciclismo não se afoga nessa àgua, felizmente.
É verdade, sim senhor: o ciclismo é a modalidade mais controlada. Não obstante, é também no ciclismo que o "pirata do doping" trabalha mais para fugir aos controlos. É um pouco o jogo do gato e do rato. Mas é um jogo potenciado pelo que o amigo ciclista escreveu: o excesso de exigências. No Tour temos 4 a 5 contagens de primeira categoria, todas bastante longas... Humanamente, aquilo é coisa difícil, de facto.
Ainda assim, eu não acredito que os senhores do controlo anti-dopagem tenham acordado um dia e pensado: "Olha, hoje vamos perseguir aqueles tipos que passam a vida a pedalar!". O que eu acho é que se o ciclismo é a modalidade mais controlada, é porque a uma dada altura a incidência dos controlos positivos se tornou de tal forma acentuada que o controlo teve de se tornar uma prática comum.
Há diferenças, sim, entre o tratamento de um controlo positivo no ciclismo ou noutros desportos (Como no futebol). Quanto a essa diferença, talvez tenha a ver com a tal incidência que, a dada altura, se acentuou no ciclismo. Mas, caro ciclista, sou-lhe sincero: eu não consigo descortinar um motivo óbvio para lhe explicar isso! E acredite que, como adepto, tanto me magoa ver o Vinokourov a ser expulso do Tour como ver o Nuno Assis a estar um ano sem jogar por causa do mesmo. Para mim, como adepto do desporto em geral, tanto me magoa ver casos de doping no ciclismo como no futebol. Porque é que não vou para os estádios com o meu cartaz? Porque para isso tinha de pagar um bilhete... E porque, lá está: a incidência de casos de doping na modalidade em questão (o futebol), para o adepto comum, não é tão acentuada como no ciclismo. (Posso estar errado, caro ciclista. Mas, como lhe digo, eu sou um mero adepto...)
Quanto ao cartaz propriamente dito, ele encontra-se naturalmente recheado de exagero. É notório que a pergunta "Então e sem doping, já cá estavam?" é bastante mais pesada do que uma frase banal do tipo "Doping no ciclismo, não!". A explicação desse exagero não a farei neste momento, porque não me parece necessário (Julgo que o caro ciclista consegue compreender o uso do exagero como medida para chamar mesmo a atenção dos ciclistas/directores de equipa para a indignação do adepto.)
Sim, eu sei que os ciclistas que andam de amarelo são controlados todos os dias. Eu enunciei o Cândido (Excelente ciclista, diga-se.) apenas para lhe dizer que as pessoas que se juntam à chegada de uma etapa talvez não sejam adeptas. Muitas daquelas pessoas não percebem que o ciclismo é um desporto de equipa. Secalhar, muitas daquelas pessoas não sabem quem é o Lance Armstrong! Mas estão ali apenas para ver o Cândido ganhar, só isso lhes interessa. O que eu quis dizer é que as pessoas que estão à beira da estrada (Repare que não lhes chamo adeptos...) talvez não se preocupem tanto com a modalidade quanto eu. Talvez por isso não se vejam mais cartazes à beira da estrada...
Agora, caro ciclista, eu tenho de transcrever uma frase sua para este artigo:
"Tu ficaste revoltado pelos casos no tour, no entanto devias ficar contente, porque no fim de contas eles foram "apanhados", não era isso que querias?"
Não. Realmente não percebeu a minha ideia. O que eu queria era que os ciclistas, sendo controlados, ganhassem de forma limpa. O caso "Vinokourov" foi a gota de àgua na minha cabeça. Por um lado, fico contente por tirarem um batoteiro da estrada. Mas ficaria mesmo contente se esse batoteiro não estivesse na estrada. E para isso é necessário consciencializar os praticantes da modalidade. É preciso dar-lhes a entender que não são só os tipos do controlo anti-doping que querem a modalidade limpa. Nós, adeptos, também queremos!
É por isso que eu levo o cartaz para a estrada. Apenas porque quero ver os ciclistas honestos a ganhar, e não os batoteiros.