20
Nov07
O meu "Socialmente Correcto".
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Parece estranho eu dizer isto, dado o meu particular fascínio pelo ridículo que circunda a tão conhecida Paula Bobone, mas é verdade. Toda a boa educação sem roçar os tiques de tia de Cascais é, a meu ver, bem-vinda.
E eu acho que este princípio é universal. Por muito rebeldes que queiramos parecer, acabamos sempre por agradecer à vizinha de cima por ter mantido a porta do prédio aberta até nós sairmos.
Mesmo que a vizinha tenha um cão e que esse cão passe a noite toda a fazer barulho.
Agradecer um gesto de simpatia é tão natural como a sua sede.
No entanto, há uma corrente de “simpatia falsa” que anda aí à solta.
Ainda hoje, depois de aguentar a porta do elevador aberta para deixar dois senhores entrar, deparei-me com essa corrente.
Digam-me, caros leitores, se não existe uma ligeira diferença entre aquelas pessoas que nos dizem simplesmente:
“Obrigado.”
E as que dizem:
“Obrigado, sim?”
?
Existe, não existe?
A primeira diz, sincera e objectivamente, “Obrigado por ter sido simpático comigo sem eu o conhecer de lado nenhum”, enquanto que a segunda parece dizer-nos de forma rebuscada:
“Olhe, eu não o conheço de lado nenhum e devo dizer-lhe que reparei no seu gesto simpático. Como tal, endereço-lhe o meu obrigado. Ouviu? Eu agradeci-lhe! Não fique com a sensação que lhe fiquei a dever alguma coisa, está bem?”
Eu sei. Sou um picuinhas.
Mas, bolas: A presença daquele “Sim?” a seguir ao “Obrigado” dá-me as voltas à cabeça!
Como tal, e se por acaso alguma das pessoas que ler este artigo tiver por hábito dizer “Obrigado, sim?”, peço-lhe enternecidamente:
Deixe de agradecer dessa forma.
Diga apenas “obrigado”.
Obrigado.