Pode acontecer a qualquer um.
Nunca assaltei um banco. E, apesar de a minha aparência não o demonstrar, também não tenciono assaltar nenhum banco no futuro.
Porque assaltar um banco é coisa que dá trabalho e que, bem vistas as coisas, tem uma probabilidade de sucesso muito reduzida.
Além de que é pouco honesto também… Mas para quê falar de honestidade quando a cada dia que passa alguém enriquece cada vez mais à custa do preço dos combustíveis?
Dizia eu… Não tenciono assaltar um banco.
Assaltar um banco deve ser uma coisa chata de planear. Assalta-se de dia, com reféns, ou à noite, tentando iludir o sistema de vigilância? E como é que se foge? Para onde?
Não, assaltar bancos não é para mim. Porque eu sou muito distraído. E, quem sabe, não me fosse acontecer o mesmo que aconteceu a Carl Lee Mikell, de 41 anos. (A notícia? Está aqui.)
Sim, era bem provável que eu entregasse ao funcionário do banco uma nota ameaçadora, escrita no verso de um papel que tem a minha identificação na frente.
Perguntam-se vocês:
“Quem é que raio tenta assaltar um banco usando como material um papel identificativo do assaltante?”
Eu acho muito normal, amigos. É cada vez mais banal que as pessoas nos digam que vão fazer algo mal e que digam quem são também. Ou será que ainda não repararam que os políticos se identificam antes de se candidatarem ao que quer que seja?
É pena.
Seria giro um sistema de governação feito em anonimato. E ouvir José Rodrigues dos Santos dizer algo como:
“O Anónimo aprovou ontem a nova lei de bases par as finanças locais.”
E ter um primeiro-ministro que usasse sempre um gorro seria interessante também.
Seria mais interessante que a Ferreira Leite, por exemplo.
Mas voltando à história do assalto ao banco…
Penso que existem mais pessoas a quem poderia acontecer o mesmo: entregarem a sua identificação ao tentar assaltar um banco.
Eu, por exemplo, dada a minha distracção.
Mas há mais! Já repararam na insistência com que muitos comerciais de empresas nos entregam o seu cartão de identificação?
"Desculpe, podia dizer-me as horas?"
"Sim. São 17:43. Já agora, tome o meu cartão de contacto."
Sinceramente, estou a imaginar um comercial que, por ser muito mau ou por vender aspiradores, não se sente feliz da vida. E decide assaltar um banco.
Estou a imaginá-lo junto ao balcão, de arma em punho, a gritar para o empregado:
“ISTO É UM ASSALTO, PÁ! QUERO A MASSA TODA AQUI EM 5 MINUTOS! E, já agora, fique com o meu cartão de contacto.”