Ao contrário do frango, este voa. (Calma, Quim, não é contigo.)
Chamem-me doido, lunático, ébrio, estouvado, bloquista... O que quiserem.
Mesmo estando à espera de todos esses adjectivos, eu escrevo a próxima notícia:
Não há crise nenhuma em Portugal.
Fosse eu Ministro da Economia e podia dizer este tipo de frases estupendas sem me justificar.
Assim sendo, não posso acabar já este artigo.
A minha definição de crise pressupõe que uma comunidade (ou a sociedade em geral) se encontre numa situação desfavorável para a qual nada fez para acontecer, sendo assim vítima de causas alheias.
Perdoem-me a fantasia, mas vou arriscar uma comparação:
Suponhamos que o futuro económico do país dependia da inteligência de uma pessoa sorteada totalmente ao acaso, numa tômbola gigante na qual dez milhões de papéis se inserem, cada um com o nome de um português.
Nesta situação, completamente disparatada, crise seria se o nome sorteado fosse José Castelo Branco.
Desta forma, o PSD não está em crise, pois foi o partido que elegeu a Manuela Ferreira Leite.
Amy Winehouse nunca passou por crise alguma, pois a decisão de beber whisky foi dela, aos 4 anos.
E Portugal não está em crise pois foi a própria cultura portuguesa que inseriu o bacalhau na gastronomia nacional.
O bacalhau, amigos, é o culpado desta situação desfarovável da nossa existência, a qual me recuso, neste artigo, a chamar "crise".
O bacalhau é pescado na Noruega e comido em Portugal.
Quem é que paga a viagem do bacalhau até Portugal? Nós, pois claro.
A meu ver, a solução para esta situação desfavorável da nossa existência passa pela alteração da tradição da consoada.
Tornemo-nos americanos, mas sem ganhar aquela coisa bem americana chamada estupidez: Vamos começar a comer carne de ave na consoada!
Eis a minha sugestão para a consoada portuguesa neste ano: carne de pombo.
"E porquê pombo, caro ser humano estupendo chamado Miguel?", pensarão vocês.
A razão esconde-se na ligação do próximo parêntesis deste artigo.
A proposta é do Times Online e é dirigida para os norte-americanos:
Porque não substituirem o seu típico perú na consoada por pombo?
Sem dúvida, uma ideia inovadora, que a julgar pela quantidade de pombos que em Portugal existem, podia ter muito sucesso neste cantinho do sudoeste europeu.
E seria a melhor resposta que a raça humana podia ter perante uma ave que insiste em lançar dejectos sobre si: comê-la.
Quanto à ideia norte-americana, se esta tiver sucesso daquele lado do Atlântico, imagino cargueiros de pombos a partirem do futuro Porto de Alcântara, com destino a New York.
E Portugal passaria a ser a Noruega dos Estados Unidos.
O que pode parecer um bocado confuso para nós, mas os americanos iriam concordar comigo, dada a sua indiferença perante os livros de geografia.
Em suma, caros leitores, bem como os restantes 9 999 998 portugueses, não me voltem a falar de uma suposta crise.
Pelo menos enquanto não comerem pombo na vossa consoada.