Um artigo diferente.
O ser humano é fascinante.
Conseguimos fazer o pino, projectar estruturas enormes, debater a natureza, ir à Lua ou até guardar na memória acontecimentos marcantes.
Somos um ser fascinante, mas há aspectos que nos tornam meros objectos.
Ás vezes parecemos ímans de frigorífico.
Ás vezes colamo-nos uns aos outros, e nunca mais descolamos.
Porquê? Porquê?
Porque raio não conseguimos nós viver como ímans que não se colam a nada?
Chega a entristecer que a nossa natureza quase roça a do íman.
Nós agarramo-nos aos outros por natureza, não por sinal de evolução.
O pior é que não podemos ser um íman que não se cola a nada.
Porque o íman do frigorífico também não tem piada se não estiver lá.
Na porta do frigorífico.
Fora dele, o íman é apenas uma imagem de um jogador de futebol, um logótipo de uma marca de iogurtes ou uma letra.
É no frigorífico que ele ganha sentido.
É no frigorífico que o íman tem razão de ser.
Seria mais fácil não estarmos na porta do frigorífico.
A porta do frigorífico nem sempre está no mesmo sítio.
E está sempre a abrir e a fechar!
Seria mais fácil não haver porta para nós.
Teríamos a possibilidade de vaguearmos à vontade, sem a preocupação de saber "onde está a nossa porta?" ou "será que a porta está aberta ou está fechada?" ou até "será que a porta tem muitas garrafas nela para estar assim tão pesada?".
Mas não.
Somos ímans de frigorífico, e teremos de conviver com isso.
Resta esperar que a nossa porta também perceba que, quando nos colamos a ela, é difícil largá-la...