A dedicatória que faltava.
Sou um copinho de leite.
Matinal. Meio gordo, que não faz mal.
E digo que sou um copinho de leite porque, como quem me conhece sabe, eu não bebo bebidas alcoólicas.
E, por favor, não me perguntem porquê. Não há um porquê.
Para mim, não beber é como ser do Benfica: Não tem explicação. É irracional.
E sim, eu sei que há bons motivos para deixar de ser assim. Para deixar de ser do Benfica. E para começar a beber alguma coisa alcoólica.
Mas, com a breca, ainda não me deu na cachimónia!
Não pensem, amigos, que eu acho que quem bebe álcool é isto ou aquilo.
É falso.
E digo que é falso porque há muita gente que me faz ter a certeza disto.
Posso até dizer, com propriedade, que as melhores pessoas que eu conheço apanham umas valentes carraspanas de vez em quando!
No entanto, há que dizê-lo: há por aí muito "boa" gente que não vai à bola com malta que não bebe.
Gente mesquinha, com furúnculos no nariz, que pura e simplesmente não gosta da cara daquele gajo porque ele já os viu bêbados e quando isso aconteceu, ele estava sóbrio.
Mas, mais idiota ainda, gente que se julga a maior porque bebe. Gente que acha que uma pessoa é algo mais apenas porque bebe.
E eu confesso: têm razão.
De facto, quem bebe para mostrar ao mundo que é o maior está, sem dúvida, um passo à frente.
Prostro-me perante essa gente.
Apenas porque ando neste mundo há 20 anos e continuo sem poder dizer a quem me rodeia: "Olha, eu sou o maior nisto e naquilo."
Continuo entregue ao anonimato do Sumol Néctar.
Enquanto muitos podem dizer "Eu sou o mais rápido a beber uma cerveja!" ou "És a maior porque te enfrascaste à grande comigo na quinta passada!", eu cinjo-me ao reles "Epá, o Sweet Dreams do Vícios Bar, em Vila de Rei, é que rende."
(Nota séria: O cocktail Sweet Dreams do bar em questão está longe, bem longe de ser reles.)
A sério: quem bebe por estes motivos é, de facto, o maior. Por causa dos objectivos que cada um traça para a sua vida.
Eu, confesso, ainda não os cumpri.
Mas esta gente consegue cumpri-los, a cada quinta-feira e a cada fim-de-semana.
Sinto-me David d'Orange junto ao Golias di Martini.
Se fosse de limão, sempre me cortava e juntava-me a ele, no copo. Amigos eternos, até chegar o maior e beber tudo num hausto.
Não tenho nada contra quem bebe em geral. Não vejo nada de mal nisso, a sério.
Mas esta gente, que se julga Alexandre Magno apenas porque emborca álcool como quem respira oxigénio, peço desculpa: têm a minha admiração.
Agradeço-vos, porque sem vocês não tinha ninguém para achincalhar ironicamente neste artigo.