"Senhor Procurador, estas escutas de telemóvel estão a ficar estranhas..."
Sou bastante jovem, é certo.
Mas, em 20 anos de vida, já estive presente em vários casamentos.
São sempre uma festa gira, com arroz, fotografias e muita, muita comida.
Todos nós associamos a um casamento a imagem da troca de alianças, do "Sim." proclamado pelos noivos e das latas de Coca-Cola vazias, atadas à traseira do carro do novo casal.
(Agora que me lembro do nome "Elsa Raposo", concluo que a definição de casamento pode não ser igual para todos.)
Esta imagem, convenhamos, está desactualizada.
Num mundo cheio de inovações, ainda é preciso ir ao altar dizer que é com aquela pessoa que nós queremos passar o resto das nossas vidas?
Claro que não! E a inovação, tal como Vasco da Gama tanto apanagiou, vem da Índia!
(O link para a notícia tinha de estar em algum sítio.)
Em Murshidabad, na Índia, a jovem Irin Biswas, de 18 anos, casou com Safikul Islam, que se encontrava no Kuweit.
Como é que se casaram? Simples: por telefone.
Em modo de alta voz, claro. De outra forma, não haveriam testemunhas.
[Sorriam, amantes das relações cibernéticas, já se podem casar com a "hot_and_beautifull_69" que conheceram na sala "Amizade" do mIRC!
(Um dia ainda meti conversa com ela. Ela não me ligou. Enfim...)]
Eu acho esta ideia bastante liberal: afinal, não é preciso que duas pessoas estejam juntas no momento em que prometem a Deus que só a morte os irá separar.
Afinal, enquanto ouverem telemóveis, estarão sempre ali, juntinhos.
Houvesse cobertura de rede no Paraíso e a definição de "viúvo" teria de ser actualizada.
Para mim, a única coisa estranha neste casamento é o menino das alianças vir com uma camisola dos CTT.
Porque aquele cinzento não combina com a ocasião.
Mas a notícia traz mais pormenores interessantes: os noivos deste casamento nunca se tinham falado até se terem casado. Depois do casamento, têm falado todos os dias!
Não será esta a solução para Guantánamo?
Casem os inquiridores com os terroristas e eles falam tudo!
É óbvio que esta ideia tem pernas para andar: casamentos por telefone é do que a nossa sociedade precisa.
E se o mercado compensar, estou a imaginar a conversa entre padres no futuro:
"- Epá, ontem casei mais dois por telemóvel, estou sem saldo no meu cartão.
- Então mas tu ainda não tens o Vodafone Cupido?
- Não, pá... Não posso mudar de rede porque tenho o patrocínio da TMN na minha batina.
- Ah, pois é. E a tua mulher, como vai?"