Caro Confrade.
Pacheco Pereira tem um blog há quatro anos e meio.
Eu, por sinal, alimento o meu há pouco mais de três anos.
Mas em três anos, já escrevi sobre variados assuntos, assuntos aos quais, em setenta por cento dos casos, é possível associar a figura de José Castelo Branco...
E um dos assuntos que mais gostei de escrever foi o assunto das confrarias.
(O link para relerem o artigo está aqui, caros leitores.)
Mas, convenhamos, escrevi sobre esse assunto há dois anos, numa fase em que o cuidado pela minha escrita era pouco...
Hoje, ao abrir a minha caixa de correio, reparo num singelo comentário a esse artigo, endereçado por um senhor de nome Filipe Fernandes.
O senhor Filipe Fernandes deu-se ao trabalho de deixar um comentário à minha opinião. E ainda bem que o fez. Que todos o fizessem!
O que diz então Filipe Fernandes? Ele começa desta forma...
"As confrarias são grupos de pessoas que têm em comum o prazer que retiram de apreciar determinado prato ou bebida e que pretendem preservar a sua tradição e partilhá-la com outros."
Correcto. Se leu bem o meu artigo, deve ter visto que expressei esta ideia entre as diversas observações que fiz...
Mas vejamos o que diz Filipe Fernandes a seguir:
"Acredito que o conceito pareça insólito a pessoas movidas a bife com batatas fritas e comida de restaurante chinês..."
E é aqui que Filipe Fernandes decide, de forma sombria e bem rebuscada, apelidar-me de "pessoa movida a bife com batatas fritas e comida de restaurante chinês".
Calha bem que eu até repudio a batata frita e, por sinal, nunca comi num restaurante chinês.
Pelo contrário, é comum comer à refeição pratos bem típicos, tais como maranho, bucho recheado, enchidos da região centro, cozido à portuguesa... Enfim, toda uma panóplia de pratos que não têm como acompanhamento a batata frita!
Parece-me que o que acontece, caro Filipe Fernandes, é precisamente o contrário: As "pessoas movidas a bife com batatas fritas e comida de restaurante chinês" é que apoiam estas confrarias, porque as suas refeições casuais são aquilo a que alguém tão pomposamente chamou de "junk food".
E eu nem tenho nada contra isso! Eu também pratico desporto nos tempos livres porque não é muito correcto fazer jogging na viagem para a faculdade!
(O cheiro a suor nos anfiteatros afastaria muitas meninas, e isso não é conveniente.)
O que o senhor não pode fazer é chamar-me de "pessoa movida a bife com batatas fritas e comida de restaurante chinês"! Está a falar com a pessoa errada, caro Filipe.
Depois disto, Filipe Fernandes deixa dois reparos ao meu artigo.
"a Confraria dos Aromas é uma loja de vinhos e não uma confraria própriamente dita (nem tudo o que vem ao Google é peixe)"
Se há coisa que eu nunca quis que o meu blog tivesse, essa coisa chama-se "rigor científico".
Se é uma sociedade de promoção de vinhos ou se é uma loja onde eles se vendem, o meu rigor não chega a tanto...
Mas se bem reparou, no artigo de há dois anos expliquei o procedimento que recorri até obter esses resultados (A apresentação do procedimento é sempre um bom momento de rigor).
O facto de não ter filtrado os resultados é uma falha grave da minha parte, de facto.
Talvez por causa disso não tenha enverdado pela vertente de investigação, no mundo das ciências...
E, por fim, o segundo reparo de Filipe Fernandes:
"dizer "tipo" antes de cada frase é um mau vício de expressão, mas escrevê-lo é ainda pior...."
Tem razão.
Há coisas que eu escrevi no início do blog que hoje em dia só me apetece editá-las e colocar num português do qual eu me orgulhe. E com menos pontos de exclamação.
A utilização do "tipo" na oralidade ou na escrita facilita imenso o trabalho (Não vou sequer pesquisar os últimos artigos, mas penso que ainda hoje recorro a esse estratagema para tornar mais claro o discurso), mas deixa uma marca pouco clássica no discurso.
Como tal, e à semelhança de outras tentativas pessoais de melhoramento dos meus artigos, vou tentar não recorrer ao "tipo"...
Mas, já agora, caro Filipe Fernandes: A utilização do "tipo" está cada vez mais em voga!
De hoje para amanhã tornar-se-á moda, e daqui a quarenta anos já estará a desaparecer outra vez...
Vai uma aposta que daqui a quarenta anos haverá alguém a lembrar-se de criar a "Confraria do Tipo"?