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há Dias assim...

Há dias históricos, banais, marcantes, deprimentes, excelentes, maus, magníficos, secantes, fantásticos, desinteressantes e, quiçá, bons. E depois também há Dias assim... Se gosta de Dias assim, parabéns. Está no blog certo.

Há dias históricos, banais, marcantes, deprimentes, excelentes, maus, magníficos, secantes, fantásticos, desinteressantes e, quiçá, bons. E depois também há Dias assim... Se gosta de Dias assim, parabéns. Está no blog certo.

há Dias assim...

04
Ago08

É um assunto que já chateia, mas...

delta_unit

...está de volta.

 

Doping no desporto, amigos, é o tema que volta ao de cima neste blog.

Para os mais distraídos ou para aqueles que só agora se depararam com este blog, eis um pequeno flashback:

No Tour de 2007, quando eu ainda acompanhava algum ciclismo, surgiram vários casos de doping. E a 26 de Julho de 2007, escrevi isto neste blog.

No dia seguinte passava uma prova de ciclismo em Vila de Rei e eu, dado apreciar então a modalidade, escrevo isto.

Considerava eu o assunto arrumado quando a 23 de Agosto de 2007 surge um comentário a um artigo redigido 6 dias antes, acerca de um pormenor que me tinha faltado no início. A super-novidade deste comentário é que era escrito por um dos ciclistas que passara na prova em Vila de Rei e que tinha dado pela minha indignação.

Trocas interessantes de ideias ocorreram entre mim e esse ciclista, ao longo deste artigo (e respectivos comentários) e deste também.

 

Pouco mais de um ano passado, e com mais um Tour onde um dono da camisola amarela é expulso da prova devido a um controlo positivo, "Pedro Peixoto" sobe ao púlpito e diz que o meu cartaz de há um ano foi, e passo a citar, "a coisa mais estúpida que eu já vi na minha vida."

De facto, se há característica que eu não nego à minha pessoa, essa característica é a estúpidez.

 

Mas mais estúpido que ir para a beira da estrada acenar um cartaz para uma prova de ciclismo é ler um artigo com mais de um ano e não procurar no mesmo blog eventuais reacções ao mesmo... Caro "Pedro Peixoto", se não estiver a espalhar a sua ignorância por outros estaminés, sugiro-lhe a colecção de links que já mencionei em epígrafe.

 

Mas "Pedro Peixoto", sinceridade à parte, até demonstra alguma inteligência. Senão repare-se:

"Tem provas que os ciclistas da Voplta a Portugal do Futuro andam dopados? NÃO. Alias não foi nenhum apanhado."

O mais incauto teria concluído que, por não haverem provas que os ciclistas da Volta a Portugal do Futuro andam dopados, nenhum deles anda dopado. Mas "Pedro Peixoto" não conclui dessa forma!

Não, o que ele conclui é que "nenhum foi apanhado".

Façamos de novo uma inversão de raciocínio: se nenhum foi apanhado, isso não invalida a existência de um eventual dopado... Pois não?

Esse eventual dopado é que, por força das circunstâncias (ou graças a uma nova geração de EPO que só se falará no próximo Tour), não foi apanhado.

 

E diz "Pedro Peixoto"...

"Você é uma vergonha na sociedade."

Bolas, esta magoou. Mas não o nego, caro "Pedro Peixoto". De facto, não há nada em mim de que a sociedade se possa orgulhar. Não obstante, apraz-me dizer-lhe que o nome "Pedro Peixoto" nada me diz também...

Ainda assim... Não será maior vergonha para a sociedade ver Ricardo Riccò ser expulso do Tour por ter usado EPO?

 

"Pedro Peixoto" acaba o seu comentário dizendo:

"Sincera,mente, eu não desejo mal a nintguém mas você ja merecia um AVC."

E há aqui alguma ironia no meio disto, pois com este comentário, "Pedro Peixoto" parece querer defender os atletas dopados. Ou, pelo menos, não se preocupa em procurá-los...

E a ironia surge aqui: Caro "Pedro Peixoto", sabia que as probabilidades de ocorrer um AVC aumentam com o consumo de EPO?

Talvez eu mereça um AVC... Mas a julgar pela inexistência de casos na minha família (e também nas minhas idas à Igreja todas as semanas), será mais provável encontrar esses casos de AVC nos pelotões das provas de ciclismo que tanto defende.

25
Ago07

Acção - Reacção.

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(Sim, é de doping que se vai voltar a falar.)

O ciclista "eu" voltou a comentar o meu último artigo. É o sinal da cordialidade e da boa formação que estes atletas têm. (E não, não estou a ser irónico.)

Mas vou-lhe pedir apenas um favor: Quem lê este blog (Estou em crer que pouca gente, mas ainda assim...) não o lê para ver histórias de doping. Por outro lado, eu interesso-me bastante pelo assunto (Ou melhor, por mitigar o assunto!) e não quero armar-me em cobardolas e dizer-lhe "Olhe, depois de este artigo, ponto final". Não. Caro "eu", a partir deste artigo, e caso a troca de ideias continue, eu vou passar a responder na zona de comentários. Mas não me calarei enquanto não chegarmos a um consenso. Um consenso que, juglo, irá satisfazer os dois. Mas se não vir artigos novos, dê um pulinho aos comentários deste artigo que eu passarei a responder por lá.

 

Agora sim, vamos à troca de ideias.

O caro ciclista, ao longo do seu comentário, faz algumas comparações com o futebol. É verdade, já pratiquei futebol nos escalões de formação (Ainda que, vá lá, jogasse mal. Há que dizê-lo!). Não obstante, isso não faz de mim um fanático de futebol, que coloca essa modalidade lá o púlpito da minha consideração e despreza todos os outros. Não. Quando eu digo que gosto de ciclismo, digo-o mesmo a sério! Como gosto de outros desportos bastante variados.... Às vezes dou por mim a ver curling na EuroSport e a vibrar com os lançamentos fantásticos da selecção canadiana!

Mas as suas comparações são justificadas: Fui eu quem começou com isso.

Eu gosto de ciclismo. Gosto de ver, gosto de saber umas coisas sobre a modalidade. Mas sem dúvida que, de nós os dois, o caro ciclista (Era aqui que eu punha o seu nome, percebe? A mim não me interessa saber quem é... Mas a redigir o discurso, dá jeito ter um nome para quem falar! E que tal um nome fictício? Um "Manel dos Santos", não?) saberá melhor o que se passa na modalidade.

Aquilo que eu deixo passar através de cartazes ou artigos de blog (Se vir bem, escrevi um artigo sobre a tramóia do Vinokourov antes de ir para estrada com o cartaz.) é apenas o meu sentimento como adepto da modalidade. Portanto, antes de "afiar a faca" e atacar-me, procure antes perceber que eu sou um adepto (O vosso público alvo!) e aquilo que eu vos mostro em cartazes ou artigos é a imagem que eu (e muitos outros) tenho da situação actual do ciclismo. Eu, se fosse desportista profissional, acho que trabalharia para duas coisas: ganhar e cativar adeptos. Portanto, se um adepto vos mostra indignação perante as histórias recentes do ciclismo e vocês lhe mandam àgua para cima, não estão a cativá-lo assim muito. Mas o meu fascínio pelo ciclismo não se afoga nessa àgua, felizmente.

É verdade, sim senhor: o ciclismo é a modalidade mais controlada. Não obstante, é também no ciclismo que o "pirata do doping" trabalha mais para fugir aos controlos. É um pouco o jogo do gato e do rato. Mas é um jogo potenciado pelo que o amigo ciclista escreveu: o excesso de exigências. No Tour temos 4 a 5 contagens de primeira categoria, todas bastante longas... Humanamente, aquilo é coisa difícil, de facto.

Ainda assim, eu não acredito que os senhores do controlo anti-dopagem tenham acordado um dia e pensado: "Olha, hoje vamos perseguir aqueles tipos que passam a vida a pedalar!". O que eu acho é que se o ciclismo é a modalidade mais controlada, é porque a uma dada altura a incidência dos controlos positivos se tornou de tal forma acentuada que o controlo teve de se tornar uma prática comum.

Há diferenças, sim, entre o tratamento de um controlo positivo no ciclismo ou noutros desportos (Como no futebol). Quanto a essa diferença, talvez tenha a ver com a tal incidência que, a dada altura, se acentuou no ciclismo. Mas, caro ciclista, sou-lhe sincero: eu não consigo descortinar um motivo óbvio para lhe explicar isso! E acredite que, como adepto, tanto me magoa ver o Vinokourov a ser expulso do Tour como ver o Nuno Assis a estar um ano sem jogar por causa do mesmo. Para mim, como adepto do desporto em geral, tanto me magoa ver casos de doping no ciclismo como no futebol. Porque é que não vou para os estádios com o meu cartaz? Porque para isso tinha de pagar um bilhete... E porque, lá está: a incidência de casos de doping na modalidade em questão (o futebol), para o adepto comum, não é tão acentuada como no ciclismo. (Posso estar errado, caro ciclista. Mas, como lhe digo, eu sou um mero adepto...)

Quanto ao cartaz propriamente dito, ele encontra-se naturalmente recheado de exagero. É notório que a pergunta "Então e sem doping, já cá estavam?" é bastante mais pesada do que uma frase banal do tipo "Doping no ciclismo, não!". A explicação desse exagero não a farei neste momento, porque não me parece necessário (Julgo que o caro ciclista consegue compreender o uso do exagero como medida para chamar mesmo a atenção dos ciclistas/directores de equipa para a indignação do adepto.)

Sim, eu sei que os ciclistas que andam de amarelo são controlados todos os dias. Eu enunciei o Cândido (Excelente ciclista, diga-se.) apenas para lhe dizer que as pessoas que se juntam à chegada de uma etapa talvez não sejam adeptas. Muitas daquelas pessoas não percebem que o ciclismo é um desporto de equipa. Secalhar, muitas daquelas pessoas não sabem quem é o Lance Armstrong! Mas estão ali apenas para ver o Cândido ganhar, só isso lhes interessa. O que eu quis dizer é que as pessoas que estão à beira da estrada (Repare que não lhes chamo adeptos...) talvez não se preocupem tanto com a modalidade quanto eu. Talvez por isso não se vejam mais cartazes à beira da estrada...

Agora, caro ciclista, eu tenho de transcrever uma frase sua para este artigo:

"Tu ficaste revoltado pelos casos no tour, no entanto devias ficar contente, porque no fim de contas eles foram "apanhados", não era isso que querias?"

Não. Realmente não percebeu a minha ideia. O que eu queria era que os ciclistas, sendo controlados, ganhassem de forma limpa. O caso "Vinokourov" foi a gota de àgua na minha cabeça. Por um lado, fico contente por tirarem um batoteiro da estrada. Mas ficaria mesmo contente se esse batoteiro não estivesse na estrada. E para isso é necessário consciencializar os praticantes da modalidade. É preciso dar-lhes a entender que não são só os tipos do controlo anti-doping que querem a modalidade limpa. Nós, adeptos, também queremos!

É por isso que eu levo o cartaz para a estrada. Apenas porque quero ver os ciclistas honestos a ganhar, e não os batoteiros.

24
Ago07

Será mesmo um ciclista?

delta_unit

Quando me preparava para abandonar o tema "doping no ciclismo", ao agradecer ao André Santos pela companhia de guerra, heis que surge um comentário a esse artigo de despedida.

 

"As coisas k se acham na net... então eras tu o "chico esperto" que estava á beira da estrada com o cartaz! só tenho pena de já não ir a tempo de te pregar com a bike em cima até ficares bem marcado."

Isto dito assim até parece que é um ciclista que participou na Volta a Portugal do Futuro, passando por Vila de Rei e vendo o meu cartaz!

E chama-me de "chico esperto"! Assim sendo, vou mudar o nome deste blog para "há Espertos assim..."

Com esta entrada, este ciclista, quem nem se dignou a deixar um e-mail para eu lhe responder ou a apresentar-se pelo nome, apelidando-se de "eu", mostra que está chateado comigo. Calha bem! Eu também estou chateado com o ciclismo!

"Então tu achas-te no direito de julgar assim 110 pessoas diferentes ?? "

Então e o senhor acha-se no direito de, ao passar e atirar àgua a um adepto da sua modalidade, por em causa a sua liberdade de expressão?

"para pedires isso aos ciclistas terias de ir também para os estádios a dizer para correrem com a bola nos pés limpos também, ou o doping só existe no ciclismo? Por acaso até é a modalidade mais controlada de sempre e que mais medidas toma na luta contra o flagelo do doping."

A diferença é que nos outros desportos, a tendência é que o doping seja usado por atletas de escalões inferiores, para poderem chegar a um patamar superior... Uns "Nuno Assis", digamos... No ciclismo, falamos de ciclistas preponderantes para a história do ciclismo! Sim, uns tais "Vinokourov"!

Mas caro "eu", deixe-me fazer-lhe uma comparação: Já ouviu falar em casos de racismo no futebol português? No entanto, em Espanha o racismo é o prato do dia naqueles estádios! O problema encontra-se (não só, mas também) em Espanha, e no entanto esse problema é lembrado em imensas competições mundiais, com os jogadores a entrarem em campo com as t-shirts do "Todos Diferentes Todos Iguais" e afins...

"É óbvio que não gostámos, ainda pra mais sendo um escalão de formação, tal como tu não gostarás que eu te julgue como um parveco que gosta de chamar a atenção. Ninguem mais que a maioria dos ciclistas a querer um desporto limpo. O meu único incómodo pelo cartaz é a má imagem que passa do ciclismo, se não formos nós a defende-la de parvecos como tu quem o fará ?"

É claro que é um escalão de formação! Aposto que as histórias que se ouvem em França não existem nesta competição! (Mas, sou-lhe sincero: também não acredito na inocência de todos os 110 ciclistas que passaram ao meu lado.) O que eu fiz tratou-se de dar a entender a quem está na modalidade o pensamento do adepto. Isso é crime? Isso é ser "um parveco que gosta de chamar a atenção"? Eu não acho. Acho que é comunicação. O problema é que muitos adeptos acham o mesmo que eu mas ignoram isso! Desde que o Cândido ganhe o sprint, o resto não interessa...

Mas já agora... Se está mesmo preocupado com a má imagem do ciclismo, acha que a defende se atirar àgua a todos os que vos alertam para essa má imagem? Eu não acho. Eu acho que, mandando àgua, vocês querem apenas calar as vozes que vos criticam. Mas com isso: estão a apagar o problema ou a apagar quem vê o problema? Essa é uma forma bastante salazarista de tratar o assunto, mas esteja à vontade.

"Quer acredites ou não ainda há quem abdique de muita coisa e que se dedique de maneira séria para estar ao mais alto nível! E se és assim tão revolucionário há praí muita coisa a que te podias dedicar, mas antes informa-te para saberes do que falas..."

Eu acredito nisso. E é por isso que eu vou para a beira da estrada com cartazes. Porque eu quero ver em França quem abdicou e se dedicou de maneira séria à modalidade e não quem tem aquele amigo no laboratório e lhe orienta as transfusões de sangue.

E não, não sou assim tão revolucionário. Compreendo, no entanto, que o senhor me aconselhe a informar-me antes para saber do que falo. Porque, seja sincero comigo: Há muitas conversas entre directores e ciclistas, muitas noites passadas fora da tenda, que nem eu nem os outros adeptos sabemos, não há?

27
Jul07

Já me sinto mais aliviado.

delta_unit

Ontem demonstrei aqui a minha indignação relativamente aos sucessivos casos de doping no ciclismo, em especial na Volta à França.

Hoje, por sua vez, passou uma prova de ciclismo junto à minha casa.

Como o problema do doping é da modalidade e não apenas do Tour, decidi demonstrar a minha indignação perante quem pedala e quem os coordena.

Assim sendo, hoje fui para a beira da estrada ver a Volta a Portugal do Futuro a passar, com este cartaz:

 

Os ciclistas não gostaram.

Pudera! Eu também não gosto.

Alguns mandaram-me àgua, outros insultaram-me.

Caros ciclistas, poupem-se nas palavras e pedalem limpo.

E quando a etapa acabar, aí falem, mas não com os adeptos de ciclismo que se sentem defraudados com o que se passa.

Falem antes com os que defraudam a vossa modalidade. A vossa profissão.

E pedalem limpo. Acima de tudo, pedalem limpo.

26
Jul07

Pedalar custa, mas ainda assim...

delta_unit

...nada justifica que o Tour deste ano esteja repeleto de casos de doping.

Há dias queixava-me profundamente do facto de este Tour não ser transmitido em sinal aberto, pois defendia que se esta é a prova rainha de uma modalidade, merece a transmissão, pelo menos na 2.

O tempo viria a dar razão aos senhores da RTP.

Esta prova não é uma corrida de pessoas, não é ciclismo.

É outra coisa. Algo que a Química Orgânica sabe explicar bem melhor que o Marco Chagas.

É uma chaga, de facto, ainda acreditar que a subida vigorosa de um ciclista ao Col d'Aubisque se deve a semanas de treino e boa forma.

Não. Deve-se a outra coisa qualquer, que a televisão não deixa ver mas que o microscópio mostra melhor.

 

Depois disto, muitos acham que o ciclismo chegou ao fim.

Eu não acho. É tudo uma questão de nomenclatura.

Se mudarem o nome da prova para "Volta à França em Testosterona", a verdade volta ao de cima e os fãs já sabem melhor o que estão a ver.

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