Experiência de vida.
Ser assaltado é uma emoção.
A sério.
Então quando se leva um murro assim bem assente na boca!
Upa upa!
Digo isto porque ontem adquiri experiência nesse ramo.
Lá se foi o telemóvel e umas moedas da carteira.
E eu até acredito que é possível ser roubado com dignidade.
Mas ontem... Ontem não houve dignidade!
Ontem calharam-me três ladrões de muito baixo nível.
Bolas, se eram três e eu sou assim lingrinhas, para quê agarrarem-me?
Para quê?
Porque não uma aproximação séria, com um pedido formal e educado, do estilo:
"Olá, boa noite. Somos ladrões e queremos assaltar-te. Dá-nos o teu telemóvel, o dinheiro e outros eventuais valores que possas ter."
Não. Agarram logo o traseunte, tapam-lhe a boca e tentam tirar-lhe a mala da faculdade!
Como se os ladrões das ruas da capital quisessem sebentas de Resistência de Materiais II.
Se eles não me tivessem agarrado, tinham levado exactamente a mesma coisa.
Mas não. O importante é agarrar a vítima, fazê-la sentir o medo.
É aqui que os nossos ladrões pecam.
Eles não acreditam que as pessoas vítimas da sua actividade podem percebê-los.
Eu percebo a profissão deles! Percebo tão bem a profissão deles que defendo acerrimamente uma vigilância implacável por parte das nossas autoridades!
Mas ontem o assalto ainda teve algo de grotesco.
Um dos ladrões mordeu-me a mão.
Que gesto digno.
Se há coisa preponderante no sucesso de um assalto é a mordedura na mão do assaltado.
Porque o assaltado, sem mão, não consegue pegar no telefone para ligar à polícia.
Mas para quê, se os ladrões já levaram o telemóvel?